Sempre percorri o mundo pelos meus proprios pés, se bem que por vezes apoiado numa qualquer bengala humana que me suportou, apesar de tudo, aprendi a caminhar sozinho, com a casa as costas, de mão dada com a vida, apesar de madrasta nao deixa de ser vida. Qual sonâmbulo correndo encruzilhadas dispersas, escolhendo sempre a opção que mais acertada parece, mas certa essa escolha nunca o é, não fosse esses desvios um sinal de mudança. Apesar de correr e correr sem parar acabo sempre por me cruzar com novo labirinto de escolhas, é aí que reparo que nada muda e a estrada da vida sempre igual, paralela a tantas outras por esse mundo fora, pois o asfalto de cada um é senão de cada um, a escolha é uma e uma só, mas o único elemento que muda será o derradeiro final, envolto nas escolhas desta auto estrada no qual à muito se iniciou a viagem, com destino à meta da felicidade.
domingo, 28 de abril de 2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Fixamente
Sentado, de olhos postos na janela, a vidraça que me separa do exterior, agarrado aqui me encontro, preso por uma panóplia de fios, ligações que me trazem o exterior até à membrana auditiva. Fixo o ponto comum do edíficio da frente, fustigado pela chuva interminável do inverno que passou, fixamente, no meu próprio mundo, sinto o movimento do prédio, como se pernas ganhasse, estará a minha mente a pregar me partidas? Ou será este um sinal do avançar das horas, horas essas que passo aqui sentado, de olhar penetrado nesse ponto, com o movimento da passagem do sol que hoje brilha bem alto e eu cá dentro com o mundo a passar lá fora. Separado pela vidraça, sinto que afinal, o edíficio, esse sim, me olha de soslaio fixamente, sou eu que aqui fustigado pelo passar do tempo não me movo, horas e horas parado a olhar o exterior, a olhar o prédio que me olha de volta. Somos idênticos, parados, imóveis, desamparados do tempo, que se ri de nós enquanto viaja e navega por esse mundo fora enquanto eu aqui invejo a sua mobilidade banhado pela luz do sol, criando a descrepancia entre ele, eu e o mundo. Um movimento, um piscar de olhos, e entendo, não mais existe luz, o sol caiu, elevando o meu sorriso qual balança de emoções, levanto-me, caindo qualquer ligação que prendesse na soma dos minutos entediantes igualando o vasto horário da parte de dentro da muralha de vidro. Agora sim, eu explorando o mundo, despeço-me do edíficio que me acompanhou e rio-me do vazio, do tempo que desapareceu, não mais que uma partida da mente qual controlador do tempo, para, num piscar de olhos, me aperceber que, novamente atraiçoado por esse magnata, o sol já brilha alto, e e eu aqui estou, novamente enquadrado na cadeira, a olhar fixamente o edíficio. O mundo exterior possui uma apetência de tal forma, que me consome o tempo de tal maneira imprudente que me perco nas suas manhas, direccionado para a cadeira do dia a dia, nesta jaula de vidro que me protege do tempo, num castigo interminável, devagar, sem pressas, sou eu que sou o alvo dos olhares exteriores qual estátua enferrujada esbofeteado pelo tempo, O tempo, infinito do próprio tempo.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Emoldurado
Emoldurado, preso por entre quatro cantos, tapado por largas vidraças, percorro com as mãos cada linha de uma imagem que me prende a visão em um único sentido. Num quadro perfeito surjo como pintor de segunda, cujas mãos se perdem numa e apenas uma imagem de um futuro que está para vir, de nada me vale vir com rodeios, se preso neste cubículo deixei para trás o passado ao qual estes pés fugiram, atropelando o presente e esbarrando nesta tela vazia. Vazia, emoldurada, pronta a ser preenchida, aguardando pelo pináculo de algo que está para vir. Até lá, seguro-a comigo, o receio cresce, se esse momento chega e a perco de registar, de agarrar? Terei de ficar eu, emoldurado, numa tela branca que não consigo terminar? A reflexão surge, e apercebo-me, trato-me apenas de um mero servo do tempo, tempo esse que vai envelhecendo este quadro que a mim me compete apenas guardar, guardar à espera que, finalmente chegue o verdadeiro artista, artista esse que me irá preencher o vazio que está por ocupar, pincelando com uma cor só, a cor de quem ama.
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