quarta-feira, 24 de abril de 2013

Emoldurado


Emoldurado, preso por entre quatro cantos, tapado por largas vidraças, percorro com as mãos cada linha de uma imagem que me prende a visão em um único sentido. Num quadro perfeito surjo como pintor de segunda, cujas mãos se perdem numa e apenas uma imagem de um futuro que está para vir, de nada me vale vir com rodeios, se preso neste cubículo deixei para trás o passado ao qual estes pés fugiram, atropelando o presente e esbarrando nesta tela vazia. Vazia, emoldurada, pronta a ser preenchida, aguardando pelo pináculo de algo que está para vir. Até lá, seguro-a comigo, o receio cresce, se esse momento chega e a perco de registar, de agarrar? Terei de ficar eu, emoldurado, numa tela branca que não consigo terminar? A reflexão surge, e apercebo-me, trato-me apenas de um mero servo do tempo, tempo esse que vai envelhecendo este quadro que a mim me compete apenas guardar, guardar à espera que, finalmente chegue o verdadeiro artista, artista esse que me irá preencher o vazio que está por ocupar, pincelando com uma cor só, a cor de quem ama.

2 comentários:

  1. PRECIOUS!
    Como eu gostava de saber quem é a tua musa. Gostava de ver essa tela já não branca agora...

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    1. Exposta agora no museu da vida como o quadro principal ;)

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