De calças justas, sento-me para me calçar, de atacadores atados, visto a camisola enquanto escolho o casaco para me aventurar pelo frio que teima em ser cínico, não abrindo espaço ao calor que de soslaio espreita uma ou outra vez envergonhado. De mochila às costas, escolho a banda sonora do meu dia que me acompanhará no caminho, com os auscultadores a fazerem o favor de me aquecer as orelhas, aí vou, com o peso dos dias que passam frequentemente, óculos de sol e telemóvel na mão. Com a outra, um aceno, um adeus, um até já, fecho a porta, chave no bolso, os ténis que há momentos calçara agora mexem-se um atrás do outro freneticamente, elevando a temperatura do sangue de modo a que o frio, esse chato, não seja tão rigoroso neste dia, igual a tantos outros, na rotina de uma vida, idêntica a tantas outras, num ciclo que se repete qual carro que anda em marcha atrás no tempo, voltando sempre ao mesmo ponto, um aceno, um adeus, um até já e fecho a porta.
O ciclo vicioso, o tempo cronometrado, decorado e esgotado. Os mesmos caminhos, as mesmas caras, as mesmas frases, os mesmos modos.
ResponderEliminarQue o fechar da porta traga a quebra da rotina e o suspense do desconhecido!