terça-feira, 28 de maio de 2013

Frases #1

"All worlds begin in darkness, and all so end. The heart is no different. Darkness sprouts within it, it grows, consumes it. Such is its nature. In the end, every heart returns to the darkness whence it came. You see, darkness is the heart's true essence." 
"That's not true! The heart may be weak and sometimes it may even give in. But I've learned that deep down, there's a light that never goes out!"
“Well, there is one advantage to being me…Something you could never imitate. Having you for a friend.”

terça-feira, 14 de maio de 2013

Sem asas

Foi quando o Sol raiava alto, demonstrando todo o seu esplendor, e que dia maravilhoso para passear, totalmente inesperado, te vi, separado por um vidro a olhar para mim, pequeno qual ervilha, desenfreado a correr contra a parede transparente como se visses em mim uma salvação daquele sítio escuro e com mil olhos. Apaixonei-me, talvez não pela beleza da tua figura que nunca tinha visto, não pelas formas como, um animal como tu possuía, raro entre o reino animal, réptil, pré-histórico, mas pela forma como me querias, pela forma como te queria. Sem hesitação te trouxe, um amor sem igual apenas em troca de notas, dinheiro que não me dão afecto algum, mas que me ajudaram a ter-te, como um filho. Receoso, estavas, nervoso, sem dúvida, excitado, estava, de sorriso estúpido na cara, parecia parvo, mas feliz. Sempre feliz. Muito passou, muito passámos, sempre juntos, dois anos sozinhos, contigo, a minha companhia, dia, noite, em dias de tempestade, em passeios ao sol, quente, pelas noites rigorosas do inverno em que te aquecia para ficares bem. Vi-te passar por aquela fase má, em que estavas doente, e eu sempre preocupado, sempre cuidadoso, foi difícil, mas passou, e voltámos ao que era. Cresceste, tornaste-te num dragão, num macho de fazer inveja a qualquer um, exibias a tua barba rija perante os perigos e corrias, corrias, corrias, não havia limites, e eu ria-me e seguia-te. Deixámos a solidão, e voltámos para junto da família, todos te gabavam, todos te adoravam, eras tu e o círculo que te rodeava, sempre no meio de tudo. Todos queriam tratar-te, da maneira como eu te tratava, e o orgulho? Todo eu o transpirava. Infelizmente, deixei-te, e pairou uma nuvem negra, tão negra que nem a luz do amor que sentia por ti nos iluminava, via-te pouco, notícias diziam que não estavas bem, desde que te deixei que não comias, que estavas triste, deprimido, e assim estava eu, separados, mas juntos, quando te visitava, eras outro, eu era outro. Entretanto passou, mais uma fase, quando regressei, estavas a dormir, e dormias, descansavas, o mundo passava por ti sem lhe dares interesse, estavas rendido à hibernação. Sempre junto a ti, todas as manhãs, todas as noites, apesar de normal, a preocupação reinava o meu coração, receoso agora estava eu enquanto tu, vivias no teu mundo pequeno, reagindo pouco ao meu toque, ao meu carinho. Peguei-te, abracei-te e beijei-te, até amanhã uma vez mais. Mas o amanhã não chegou, olhaste-me sem vida, erecto, não foi o mundo que passou por ti, foi a vida, cedo demais ela te deixou para outras paragens. Num frenesim de imagens e recordações, transbordaram, em forma de lágrimas desaparecendo na memória à medida que tocavam no chão, o mesmo chão em que passeavas e corrias na brincadeira. Dois anos depois deixas-me, sem culpa, desculpa se te falhei, mas ainda que novo, tornaste-te no Dragão que eu sonhei naquele dia que te vi, separados pela parede de vidro, ainda assim, imaginei-te com asas, fruto da imaginação fértil que tenho, e mesmo sem asas, voaste, voaste no meu coração e agora que partiste, sem asas, vives no meu coração, sem asas, vives na minha memória, toco no meu peito onde tantas vezes dormiste, e te agarraste e choro, porque sem asas, foste aquilo que eu imaginei, criei e amei.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Mãe

Cheguei a casa, de madrugada, arrastando-me por entre a neblina que vislumbro com os olhos e o naufrágio de uma noite interminável por ruas húmidas. Encontrei a minha mãe a dormir no sofá da sala com uma manta por cima das pernas e o jogo de tricotar encostado às suas mãos. Observei-a em silêncio. Tinha o cabelo grisalho, e a pele do rosto começara a perder a firmeza em volta dos pómulos. Contemplei aquela mulher que em tempos tinha imaginado forte, quase invencível, e vi-a frágil, derrotada sem ela saber. Derrotados porventura os dois. Inclinei-me para a cobrir com aquela manta e beijei-lhe a testa como se quisesse protege-la assim dos fios invisíveis que a afastam de mim e das minhas recordações, como se acreditasse que com aquele beijo podia enganar o tempo e convencê-la a passar de largo, a voltar outro dia, outra vida.

sábado, 4 de maio de 2013

Rotina

De calças justas, sento-me para me calçar, de atacadores atados, visto a camisola enquanto escolho o casaco para me aventurar pelo frio que teima em ser cínico, não abrindo espaço ao calor que de soslaio espreita uma ou outra vez envergonhado. De mochila às costas, escolho a banda sonora do meu dia que me acompanhará no caminho, com os auscultadores a fazerem o favor de me aquecer as orelhas, aí vou, com o peso dos dias que passam frequentemente, óculos de sol e telemóvel na mão. Com a outra, um aceno, um adeus, um até já, fecho a porta, chave no bolso, os ténis que há momentos calçara agora mexem-se um atrás do outro freneticamente, elevando a temperatura do sangue de modo a que o frio, esse chato, não seja tão rigoroso neste dia, igual a tantos outros, na rotina de uma vida, idêntica a tantas outras, num ciclo que se repete qual carro que anda em marcha atrás no tempo, voltando sempre ao mesmo ponto, um aceno, um adeus, um até já e fecho a porta.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O que esconde uma lágrima?

O que esconde uma lágrima? Emoção é a palavra que dita a lei. Chego a casa, depois de um dia comum, igual a tantos outros, quando me apercebo, é esta a minha última noite aqui, nestas quatro paredes que tantas outras histórias albergaram, atinge-me qual bola de neve, amealhando emoções atrás de emoções, meses a fio, montanha abaixo, é esta a minha última noite aqui, e o que investi, o que é feito de tudo isso? Já passou para trás, perdido, disperso, tal o choque e magnitude dessa bola de neve que disparou em todas as direcções todos os acontecimentos marcantes de tantos meses passados até este dia, este dia em que fechei a porta pela última vez. Não é o fim, é o princípio de algo novo, as páginas mantêm-se inalteradas, pois a história apesar de tudo é algo inapagável, de valor inestimável, tudo e qualquer emoção que já foi, é exemplo a seguir nesta porta nova que agora abro, sem remorsos nem ressentimentos. Na minha última noite aqui, descobri o que esconde uma lágrima, outras tantas iguais a essa, todas a peso de ouro, destilando o que o coração prendeu e a mente escondeu, mas assim que a primeira lágrima cai, o coração abre e a mente recorda, tudo em prol de um luto, de uma história que agora termina, outra que estas paredes agora guardam, e que tantas outras guardarão. 

domingo, 28 de abril de 2013

Encruzilhada

Sempre percorri o mundo pelos meus proprios pés, se bem que por vezes apoiado numa qualquer bengala humana que me suportou, apesar de tudo, aprendi a caminhar sozinho, com a casa as costas, de mão dada com a vida, apesar de madrasta nao deixa de ser vida. Qual sonâmbulo correndo encruzilhadas dispersas, escolhendo sempre a opção que mais acertada parece, mas certa essa escolha nunca o é, não fosse esses desvios um sinal de mudança. Apesar de correr e correr sem parar acabo sempre por me cruzar com novo labirinto de escolhas, é aí que reparo que nada muda e a estrada da vida sempre igual, paralela a tantas outras por esse mundo fora, pois o asfalto de cada um é senão de cada um, a escolha é uma e uma só, mas o único elemento que muda será o derradeiro final, envolto nas escolhas desta auto estrada no qual à muito se iniciou a viagem, com destino à meta da felicidade.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fixamente

Sentado, de olhos postos na janela, a vidraça que me separa do exterior, agarrado aqui me encontro, preso por uma panóplia de fios, ligações que me trazem o exterior até à membrana auditiva. Fixo o ponto comum do edíficio da frente, fustigado pela chuva interminável do inverno que passou, fixamente, no meu próprio mundo, sinto o movimento do prédio, como se pernas ganhasse, estará a minha mente a pregar me partidas? Ou será este um sinal do avançar das horas, horas essas que passo aqui sentado, de olhar penetrado nesse ponto, com o movimento da passagem do sol que hoje brilha bem alto e eu cá dentro com o mundo a passar lá fora. Separado pela vidraça, sinto que afinal, o edíficio, esse sim, me olha de soslaio fixamente, sou eu que aqui fustigado pelo passar do tempo não me movo, horas e horas parado a olhar o exterior, a olhar o prédio que me olha de volta. Somos idênticos, parados, imóveis, desamparados do tempo, que se ri de nós enquanto viaja e navega por esse mundo fora enquanto eu aqui invejo a sua mobilidade banhado pela luz do sol, criando a descrepancia entre ele, eu e o mundo. Um movimento, um piscar de olhos, e entendo, não mais existe luz, o sol caiu, elevando o meu sorriso qual balança de emoções, levanto-me, caindo qualquer ligação que prendesse na soma dos minutos entediantes igualando o vasto horário da parte de dentro da muralha de vidro. Agora sim, eu explorando o mundo, despeço-me do edíficio que me acompanhou e rio-me do vazio, do tempo que desapareceu, não mais que uma partida da mente qual controlador do tempo, para, num piscar de olhos, me aperceber que, novamente atraiçoado por esse magnata, o sol já brilha alto, e e eu aqui estou, novamente enquadrado na cadeira, a olhar fixamente o edíficio. O mundo exterior possui uma apetência de tal forma, que me consome o tempo de tal maneira imprudente que me perco nas suas manhas, direccionado para a cadeira do dia a dia, nesta jaula de vidro que me protege do tempo, num castigo interminável, devagar, sem pressas, sou eu que sou o alvo dos olhares exteriores qual estátua enferrujada esbofeteado pelo tempo, O tempo, infinito do próprio tempo.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Emoldurado


Emoldurado, preso por entre quatro cantos, tapado por largas vidraças, percorro com as mãos cada linha de uma imagem que me prende a visão em um único sentido. Num quadro perfeito surjo como pintor de segunda, cujas mãos se perdem numa e apenas uma imagem de um futuro que está para vir, de nada me vale vir com rodeios, se preso neste cubículo deixei para trás o passado ao qual estes pés fugiram, atropelando o presente e esbarrando nesta tela vazia. Vazia, emoldurada, pronta a ser preenchida, aguardando pelo pináculo de algo que está para vir. Até lá, seguro-a comigo, o receio cresce, se esse momento chega e a perco de registar, de agarrar? Terei de ficar eu, emoldurado, numa tela branca que não consigo terminar? A reflexão surge, e apercebo-me, trato-me apenas de um mero servo do tempo, tempo esse que vai envelhecendo este quadro que a mim me compete apenas guardar, guardar à espera que, finalmente chegue o verdadeiro artista, artista esse que me irá preencher o vazio que está por ocupar, pincelando com uma cor só, a cor de quem ama.